sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Embriagado

Foto: Ricardo Spíndola 

Eu que nem bebia
Tomei outra cerveja
Para te esquecer
E cada gole que dava
Era uma forma
de amar e morrer
Amor disforme e gratuito
Que nem se dá conta de tanto querer
E vive nesse vale de álcool
Nessa adega de lágrimas para sobreviver
E viver temporariamente distante
De um tão constante e iminente sofrer


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Respiração




Quando quiseres, inspiração
Tomar meu corpo novamente
Aqui estarei, de novo, pronto
Te aceitarei eternamente
Quando quiseres, poesia
Nem precisa de licença
Me entrego com um sorriso
Te atendo com um lamento
Quando puderes, bela moça
Em ti, estarei atento
Com alegria te chamo
Com uma lágrima me arrependo 

Querer-te bem

Waiting for Godot, de Beckett. "ESTRAGON: And if he comes?" 


Já faz anos que não te vejo
É tão triste constatar
Que ainda o meu desejo
A cada ano é te encontrar
Apago sempre outra vela
Na esperança de que enfim
Meu desejo se realize
E você volte pra mim

Mas por já teres decidido
Em te manter tão afastado
Faço um segundo pedido
Para que sejas sempre amado
Na casa que escolhestes viver
Com quem puseste ao teu lado
Viva bem, meu amor,
e te perdoo por ter me abandonado. 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Primeira oração




Que eu tire o excesso de um ano cansado
E comece tão livre, sem tanto cuidado
Que eu seja mais leve, feliz e amado
Que eu recomece menos embriagado
E que enfim eu consiga,
em meio a tanta novidade
Enxergar minha poesia
De um ano que foi,
e deixou calmaria
De cada momento, uma breve saudade
E que a experiência se faça válida
E seja minha sabedoria
Senão pro ano inteiro
Que eu seja melhor por um dia