segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Inspiração

Às vezes, numa noite clara
vem a poesia, e sem licença, se rebenta
E nasce então palavra rara
Que surge só, e não se inventa

Às vezes surge, tão calmamente
E me brinda com um novo poema
E então percebo, de repente
Que minh'alma se apega a qualquer tema

Talvez não conscientemente
Talvez pura anarquia
Me surpreendo simplesmente
Com a franqueza da poesia

Beleza desmascarada
Que não se esconde nem se rejeita
É assim despreocupada
Que simplesmente se aceita

sábado, 29 de dezembro de 2012

Libertação



Lavei minha alma com um amor falido
E me banhei com todo aquele sangue inútil
Era a libertação, a cura de um peito ferido
Era enfim, outra alegria fútil!

Sobrevivi a outro abandono
Fui vingado e venci a minha sorte
O matei, um só tiro, em pleno sono
Minha vida se resolvia com sua morte!

E cantava, cantava: Vai passar !
Era uma promessa tão antiga
Que me diziam por chorar
Tenha calma, que o dia vem logo em seguida

E chegou, finalmente constatei
Ao ver tão fria e fraca a mão amiga
Passou, como nunca imaginei
Era enfim, uma alegre despedida! 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Uma mulher que ama

Amor, não sou nada
Não se importe, assim, tanto
Minha vida é parada, tão pouco inspirada
Vazia de luz, de riso e de pranto

Não sou uma artista
Por favor, não insista
Prefiro ser... Completa e calada
Prefiro amor, à ser adorada

Não quero ser rude
Só peço que mude
Deixe a mim, como sou,
Vazia de fadas

Pois vivo leve e bem
Sem tua reflexão
E, amor, te quero bem!
Além de qualquer contestação!

Causa

Deixou-me
Afinal
Era tão fácil me deixar
Pois sempre, tão calado
Nem mesmo iria reclamar
Eu era mudo, era simpático,
Era enfim, assim, cansado
E com tanta, tanta calma
Perdi um pouco da minh'alma
E esqueci-me de notar

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Sujeitos

Eu que com poder te engrandecia
E tu, pelo poder, me esnobava
Eu por te querer me entristecia
E tu, por assim saber, te contentava
Eu que com amor tornei-te um monstro
E tu, pelo amor, amargurada
Eu que te criei tão malcriada
Despi-te, em solução, de tanta graça
Quebrei o meu encanto
E de tanto, te fiz nada

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Pagão


Posso ser teu amor por um dia
Só uma boca para te beijar
Posso dar-te meu corpo inteiro
Posso até mesmo fingir te amar
Posso realizar desejos tão sujos
Que te envergonharias de me informar
Sou todo ouvidos, sou surdo e cego
Sou o que queres, ainda que queiras tu me negar
Sou teu homem, mulher, sou criança
Sou tua família, de quatro, na cama
O teu patrão, o que bem desejar
Sou teu escravo, se fores mais fraco
E precisares de dor pra gozar
Sou teu caminho, tua verdade e tua vida
E posso ser mais, se assim desejar
Posso ser aqui mesmo na terra
Uma alegria de tom infernal
Pra lembrar-te tua humanidade
E nela, seu tom animal
Que o divino é imaginário
E medo de ser somente
Saciaçao e necessidade

domingo, 10 de junho de 2012

sexta-feira, 20 de abril de 2012


Melodia da reconciliação

"Sabia que independente do que acontecesse não largaria tua mão, e meus dias, em passos ritmados ou não seriam ao teu lado. Optei por te aceitar exatamente da forma que és. Entendi que estar contigo é mais do que conhecer-te ou sonhar com o que idealizo em ti. Estar contigo é entender que dentro de ti também mora o pecado. Pois no belo, há o feio. E para ser verdadeiro é preciso ser completo."

Estar perto é uma guerra constante
De quem já não quer mais conviver
E longe, é viver a derrota
De quem quer, mas não pode esquecer

O contato, uma arma tão forte
Que edifica ou faz destruir
E esses olhos, cuidado com eles
Se desonestos, te farão ruir

Ver sempre o que queres é vício
E dele, podes não retornar
Acostuma-te então com a verdade
Só assim saberás lidar

Saiba: rosas têm espinhos
Mas perceba a beleza da flor
E os deixe ali, bem quietinhos
E se manterá distante da dor

Ignorar um anjo tão lindo
Só por não saber voar
É o mesmo que queimar as rosas
Por poderem te espinhar

segunda-feira, 19 de março de 2012

Surto poético e recaída amorosa


Deixei para traz o para sempre
Não quero e nem posso te amar
Conviver e te ver é martírio
De quem quer e não pode falar

Te querer é um querer costumeiro
Que nem a razão justifica
Espero manter-me guerreiro
E atender ao que minh’alma suplica

De te manter – distante do corpo
E te ter – ausente do coração
Esse amor transformou-se em desgosto
Persistir, é me render à maldição

O meu ser precisa de um descanso
Que se concretizaria em forma de canção
De liberdade, alegria e graça plena
E essa dor se transformaria em perdão 

domingo, 29 de janeiro de 2012

Platônico

 És tão doce assim distante
Meu mais nobre pensamento
Mas por perto andas errante
Fazes da noite meu tormento

E ainda que no céu
Não consiga te alcançar
Ter em terra sem o mel
Me fará sempre lembrar

Que te amo assim distante
Impossível de tocar
Pois por perto, és tão humana
Impossível de amar

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

friday the 13th



Amaldiçoo-te, infiel,
Me amar será tua sorte
Ter-lhe-ei como um troféu
E como preço terás minha morte

Cada dia que viver
Se lembrarás da minha dor
Serás difícil se esquecer
Que destruíste-me, o teu amor

Dar-lhe-ei um poema último
Envolto em meu coração
É teu, então toma posse
Não cabe mais a ti dizer que não

Guarde-me em uma caixa com flores
E regue sempre que se lembrar
Do teu poeta, que em meio a dores
Partiu sem nem te amar

Ponha-me junto ao teu leito
E me enfeite com um copo de mel
A única forma que tive de estar ao teu lado
Foi sendo o teu troféu
Mas com o tempo, criarás por certo
Afeto e talvez paixão
Ao invés de dor, serei proteção

Então chorarás sozinha
Por não ter me amado quando teve a chance
Deixei de ser teu abrigo
Para virar páginas de um romance

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Resignação



No guardanapo desenho o teu rosto
Com um soneto te faço em poesia
Riscando, esboço o meu desgosto
Tu foste, só me deixaste esta agonia

Embora não fosse o que esperavas
Nem o mais belo, ou mais compreensivo companheiro
Com certeza era eu quem mais te amava
Dos teus vassalos, seria eu o teu cordeiro

Te daria o mundo inteiro outrora
Mas hoje, isso não cabe mais a mim dizer
Tu decidiste ir embora
Resta a mim saber te esquecer

domingo, 1 de janeiro de 2012

Abandono





É o cigarro que tu fumas
Que perturba a tua visão?
Beber constantemente,
Fez mal ao teu coração?

Não sei por que me entreguei
Esperando salvação
O amor que te amei
Era fogo, era perdão

Mas comigo nem te importas
De um amor tão traiçoeiro
Era fácil dar as costas

Então vá amor maldito
Que aos poucos eu enterro
                                      Esse coração falido