Minha poesia não
cabe em livros
Ela extrapola meus
olhos
Derrete em mim
E derrete a mim
mesmo
caminha ao meu lado
No ônibus
na praça
E no mercado
Sonha em montar
cavalos
E sair do facebook
Minha poesia ainda
espera
O bom amigo
Espera ser poesia
Espera eu ser poeta
O sonho da minha
poesia é ser livre
O sonho da minha voz
é ser leve
Porque minhas
palavras afundam
Minhas palavras
sempre caem em mim mesmo
Ando cansado de
andar tanto
Em círculos e circos
Palhaço nos ônibus
Minha poesia me
acompanha
Me aperta, me roça
Esbarra em mim
E desce no próximo
ponto
Danada poesia, vai
sozinha
Me deixa vazio. Sem
perspectiva.
Não ultrapasso a
faixa amarela
Sem as asas da
poesia
minhas pernas param
Não me movo
A multidão me move
me guia
E a multidão não
espera
Sou arrastado,
desolado
Encontro meu quarto
Por carinho do acaso
Minha poesia teme o
homem
Teme o sol
e prefere ficar em
casa
Minha poesia não
cabe em livros
Tão pouco nos meus
bolsos
Sonha em ser livre
E é mais livre que
eu
Me deixa quando quer
Volta se quiser
É uma passageira
No ônibus que não
dirijo
A encontro somente
Por carinho do acaso
Em esquinas que me
desconheço
Somente quando me
aceito
É que então me vejo